Hoje, dia 08 de Março, é o Dia Internacional da Mulher e como de costume recebi inúmeras mensagens referentes a este meu dia e de outras tantas mulheres do planeta. Porém, o que mais me chamou a atenção foi ver que entre essas mensagens de felicitações , haviam também aquelas de contrariedade a esta data.
Pelo que pude entender, a contrariedade é meio que motivada pela questão de ser esta data uma mensagem de inferioridade da mulher. Creio que há mulheres que acham que ter um dia só delas é uma inferioridade frente aos homens, pois defendem que a mulher não precisa mais de um dia em especial, pois já estão firmadas e fortes entre os homens.
Todavia, eu discordo totalmente deste pensamento. Acho que a mulher deve sim ter um dia em sua homenagem, pois tudo que foi construído com garra, força e luta deve ficar registrado, e nada melhor do que fazer este registro mediante uma homenagem datada.
Para quem não conhece a história das mulheres e a luta pelos seus direitos, aí vai uma breve resenha dos fatos mais importantes que consegui pela Internet:
"A história do Dia Internacional das Mulheres começa com a inserção das mulheres no mercado de trabalho após a Revolução Industrial. As mulheres saíram dos lares, mas não conseguiram os mesmos direitos que os homens.
Em 8 de março de 1857 em Nova York as mulheres protestavam contra as más condições de trabalho e salários menores do que os dos homens. Situação que ainda perdura até os dias de hoje, mas graça a Deus, com menos intensidade.
O incêndio da fábrica da Triangle Shirtwaist, também em Nova York, não aconteceu em 8 de março como se supõe e nem ocorreu devido aos protestos femininos. O boato sugere que durante o protesto as mulheres teriam sido trancadas e queimadas vivas totalizando 129 trabalhadoras queimadas vivas. No verdadeiro incêndio, o pior da cidade de Nova York, morreram 146 trabalhadoras. O incêndio de Triangle Shirtwaist ocorreu em 25 de Março de 1911. Os protestos por melhores condições de trabalho se seguiram nos anos seguintes.
Em 1908, 15 mil mulheres exigiam nas ruas de Nova York redução de horário de trabalho, melhores salários e o direito ao voto. A primeira comemoração do Dia Internacional da Mulher foi realizada em 28 de Fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, motivada pelo Partido Socialista da América.
Em 19 de março de 1909 ocorreram protestos na Alemanha para relembrar as promessas não cumpridas pelo rei da Prússia aos direitos das mulheres. Em 1910, na primeira conferência internacional sobre a mulher, realizado na Dinamarca, o dia 8 de março foi declarado Dia Internacional da Mulher. No ano seguinte um milhão de pessoas celebraram a data em alguns países da Europa.
O Dia Internacional da Mulher de 1917 foi uma importante data para a Revolução Bolchevique na Rússia. Cansadas da guerra e opressão as mulheres aproveitaram a data para forçar a retirada das tropas russas da Primeira Guerra Mundial através de uma greve geral. Quatro dias depois o tsar Nicolau II foi deposto do cargo. O Governo Provisório garantiu às mulheres o direito de votar. O Dia Internacional da Mulher se tornou oficial graças aos esforços da feminista Alexandra Kollontai para relembrar a luta das mulheres por melhores condições de trabalho e direitos políticos.
Em Moçambique o Dia da Mulher Moçambicana é comemorado em 7 de abril, data da morte de Josina Machel, esposa do primeiro presidente de Moçambique. Assim que o país conquistou a sua independência de Portugal em 1975 a data foi oficializada como feriado nacional. Josina Machel integrou a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) quando jovem, casou-se com o futuro presidente. Josina Machel morreu vítima de doença em 7 de abril de 1971. "
Ainda, sobre a historia da procura das mulheres pelos seus direito, devemos frisar, especificamente, as das brasileiras. Então, aqui vai outro textinho que encontrei sobre nós, mulheres brasileiras:
História das mulheres
Do Diário do Grande ABC
"A partir das modificações em relação ao gênero feminino, ocorridas no final do século 20, questões importantes foram trazidas para o âmbito da História das Mulheres. Como perceber as transformações na vida das mulheres no passado? Como essas mudanças afetaram o relacionamento entre gêneros?
Nas relações familiares e de trabalho desde o Brasil Colonial (1500-1822), as mulheres atuavam em múltiplas atividades, como escravas tecedeiras indígenas, escravas africanas quitandeiras, libertas quituteiras e lavadeiras, viúvas chefes de fogos e proprietárias escravistas senhoras de engenho. É preciso observar também que não foram poucas mulheres capazes de acumular pecúlio, por meio da administração de bens e mão de obra.
No entanto, no decorrer dos séculos 19 e 20, as mulheres inseriam-se, de maneira significativa, no mercado de trabalho formal, como professoras, operárias, trabalhadoras domésticas, modistas, comerciantes, advogadas, médicas, engenheiras, dentistas, enfim, profissionais liberais. Conviviam juntamente com os homens nos ambientes de trabalho, porém, muitas vezes, recebendo salários menores, assim como cargos inferiores, apesar de terem as mesmas ou melhores qualificações. Além disso, tinham dupla jornada de trabalho.
No que se refere à sexualidade, as mulheres adquiriam novos status com o uso de métodos anticoncepcionais, bem como a luta pela igualdade no relacionamento amoroso, apesar das leis proibitivas contrárias ao casamento do mesmo sexo e ao aborto. Assim, a liberação sexual feminina ocorre por meio de um longo processo de lutas, conflitos e negociações.
No passado, as mulheres, sofreram com as construções morais religiosas, sendo acusadas pela Igreja - que era intrinsecamente relacionada ao Estado até a Proclamação da República em 1889 - de feiticeiras, pecadoras, curandeiras, diabólicas, bem como de manter relações ilícitas e possuírem filhos ilegítimos. Mulheres, principalmente índias e mulatas, eram representadas como de vida fácil, sempre disponíveis aos senhores escravistas, ou até ao clero regular e secular.Os padrões familiares e de comportamento feminino foram rígidos no Brasil desde o período colonial, por intermédio da cultura patriarcal, escravista e cristã. Fazia parte do ideal feminino que a mulher fosse enclausurada, submissa, obediente ao pai, irmão e marido, zelosa dos filhos, prestativa aos senhores.
Na esfera política, o direito ao voto, no Brasil, a partir de 1934, não significou a participação das mulheres no Executivo e Legislativo, sendo ainda difícil conseguirem cargos como prefeitas, governadoras, ministras e até presidente. Com a ascensão no poder, há ainda resistência e preconceito quando exercem cargos administrativos relevantes. No entanto, somente nos finais do século 20, com a redemocratização, conseguiram por meio de lutas chegar até alguns pontos altos na vida pública brasileira.
No campo cultural, foram significativos os trabalhos de artistas e intelectuais como Anita Malfati, Tarsila do Amaral, Patrícia Rehder Galvão (Pagu), Raquel de Queizoz, Clarice Lispector, Zélia Gatai, Lygia Fagundes Telles. Essas mulheres conseguiram destaque graças ao próprio empenho e ao movimento de emancipação feminina, que revolucionou o século 20.
É preciso destacar o papel de Pagu (1910-1962), escritora que se tornou órfã aos 10 anos, casou três vezes - o segundo matrimônio com Oswald de Andrade -, abortou aos 14, filiou-se no Partido Comunista em 1931 e foi a primeira mulher presa política no País durante a ditadura de Vargas. Trabalhou como tecelã e, apesar de não cursar universidade, escreveu obras relevantes como Parque Industrial (1933) e fez importantes críticas literárias. Além de tudo isso, tentou suicídio várias vezes. Apesar de angustiada com a vida, participou de maneira radical do movimento social de emancipação das mulheres, bem como as suas companheiras intelectuais e artistas.
Sua descrição literária mais triste é a trajetória de vida da mulata costureira Corina. Ao descrever o cotidiano das mulheres trabalhadoras, Pagu afirma: "As seis costureirinhas têm olhos diferentes. Corina, com dentes que nunca viram dentista, sorri lindo, satisfeita. É a mulata do atelier. Pensa no amor da baratinha que vai passar para encontrá-la de novo à hora da saída. Otávia trabalha como um autômato. Georgina cobiça uma vida melhor. Uma delas murmura, numa crispação de dedos picados de agulha que amarrotam a fazenda.
- Depois dizem que não somos escravas".
Observa-se, assim, a importância da literatura na reconstituição dos problemas do universo feminino e as conquistas das mulheres no decorrer da história. Todavia, para a maioria das brasileiras, é necessário observar que as condições de vida ainda são penosas. Pode-se encontrar mulheres violentadas e exploradas pelos maridos, mães solitárias, excluídas das condições mínimas de Saúde e Educação. Enfim, apesar da histórica atuação e das conquistas, é difícil encontrar igualdade e tolerância às diferenças quando se trata de todas camadas sociais, e de todas as regiões do Brasil.
Igor de Lima é doutorando em História Econômica na USP e pesquisador do Cedhal (Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina) da USP."
E AÍ, será que depois desse apanhado histórico a nosso respeito não merecemos mesmo um dia em nossa homenagem?
Eu não tenho a menor dúvida que sim, que merecemos mesmo este dia!
O vergonhoso não é ter um dia representando as nossos conquistas em busca da igualdades de direitos, mas sim, ver que alguns direitos que hoje queremos tanto ter nos fazem perder um pouco do nosso referencial feminino. Na verdade nem são direitos, mas sim posturas que não levam a nada, posturas que deveriam continuar sendo só dos homens mesmo!
Pois como diz o preceito fundamental da isonomia: devemos tratar os iguais de maneira iguais e os diferentes de maneira diferente na proporção de suas diferenças! Portanto, neste questão determinadas atitudes masculinas são diferentes das femininas e, portanto, devem continuar sendo diferentes em suas proporções! No demais, os direito serão iguais e tratados como iguais, sem discriminação de sexo, raça e religião!!
E VIVA O DIA MUNDIAL DA MULHER!!!
Mulher (Sexo Frágil)
Letra: Erasmo Carlos
Composição: Erasmo Carlos e Narinha
Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas
Vejam como é forte a que eu conheço
Sua sapiência não tem preço
Satisfaz meu ego se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça
Quando eu chego em casa à noitinha
Quero uma mulher só minha
Mas pra quem deu luz não tem mais jeito
Porque um filho quer seu peito
O outro já reclama a sua mão
E o outro quer o amor que ela tiver
Quatro homens dependentes e carentes
Da força da mulher
Mulher, mulher
Do barro de que você foi gerada
Me veio inspiração
Pra decantar você nessa canção
Mulher, mulher
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um dez
Sou forte mas não chego aos seus pés